A esteatose hepática, ou gordura no fígado, acomete cada vez um número maior de pessoas
O que é gordura no fígado?
A esteatose hepática, ou gordura no fígado, é um achado nos exames de imagem, principalmente no ultrassom de abdome.
Diversas são as causas dessa doença, e entre as mais comuns, podemos citar: uso abusivo de álcool, hepatite B, hepatite C, hepatite autoimune, uso de medicações, chás e ervas, e atualmente, a causa que vem ganhando maior destaque é a MASLD (disfunção metabólica associada a doença hepática esteatótica).
De uma forma geral, iremos abordar essa última causa de gordura no fígado, já que hoje ela tem um impacto muito grande na saúde da população, e atualmente é uma doença com uma incidência muito alta e já é considerada a maior causa de transplante de fígado nos Estados Unidos.

E qual é o médico que cuida de esteatose?
O médico especialista de fígado é o hepatologista. Ele é o profissional mais qualificado para entender a sua doença, estabelecer um diagnóstico e propor um tratamento individualizado, com o objetivo de melhorar a gordura no fígado.
Sempre que procuramos uma ajuda especializada, a chance de sucesso no tratamento aumenta, já que estamos falando do profissional mais capacitado para tratar a sua doença.
Eu sou médica especialista em fígado, e em esteatose hepática. Fiz residência em Hepatologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e doutorado em Hepatologia pela mesma instituição. Com mais de 10 anos de experiência, eu sou capacitada para cuidar de você.
Antes de se consultar, sempre observe se o médico que está cuidando de você e do seu fígado é credenciado pela Sociedade Brasileira de Hepatologia. Sou sócia titular dessa sociedade, que é a maior sociedade de médicos hepatologistas do Brasil.

Leia abaixo algumas opiniões dos pacientes reais que já se consultaram comigo:
Avaliações:



Quem é o paciente com maiores chances de apresentar a gordura no fígado?
O paciente que tem maiores riscos de ter esteatose hepática, é aquele que apresenta: sobrepeso ou obesidade, diabetes ou pré diabetes, colesterol elevado e hipertensão arterial sistêmica.
O paciente não precisa, obrigatoriamente ter todos esses fatores de risco, mas quanto mais doenças associadas ele tiver, maiores as chances de desenvolver a gordura no fígado.
Pacientes magros e sem esses fatores de risco mencionados, devem ser investigados quanto a causa da esteatose.

Quais são os principais sintomas da gordura no fígado?
Geralmente a esteatose é assintomática, e observada em exame de rotina. Pelo fato de a grande maioria dos pacientes não apresentarem sintomas, a doença pode passar despercebida por vários anos e ir se agravando, até levar o paciente à fibrose do fígado, e posteriormente à cirrose.
A gordura no fígado não causa dor, amarelo nos olhos (icterícia), barriga inchada e nem outros sintomas. Caso apresente algo citado, procure um hepatologista com urgência.
Quais são os exames que avaliam a esteatose?
Temos alguns exames de imagem que avaliam se o paciente tem ou não esteatose e a quantificam de maneira adequada.
- Ultrassom abdominal: avalia se existe ou não esteatose e qual o grau de comprometimento do fígado
- Tomografia de abdome: avalia se existe ou não esteatose, quantifica o grau da doença
- Ressonância de abdome: avalia com maior precisão a intensidade da gordura no fígado
- Elastografia hepática / Fibroscan: avalia não só a esteatose, como se existe ou não a fibrose no fígado
- Biópsia hepática: avalia de forma invasiva, como padrão ouro, o melhor exame para avaliação da esteatose, intensidade e causa da doença

Quais são as principais alterações nos exames de sangue?
Podemos observar algumas alterações:
- Elevação de AST / ALT / Fosfatase alcalina e Gama GT
- Elevação de bilirrubinas – fases mais avançadas
- Redução de albumina – fases mais avançadas
- Aumento de ferritina
- Elevação de glicemia, hemoglobina glicada e insulina – para diabéticos e pré diabéticos
- Elevação de colesterol e triglicérides – para pacientes com dislipidemia
Os exames para avaliar gordura no fígado doem para ser feitos?
Os exames de ultrassom, tomografia, ressonância e elastografia/fibroscan não são invasivos e não provocam dor. São fáceis de serem realizados e não agregam risco ao paciente.
São seguros, porém existe uma consideração: ele é examinador dependente e a qualidade do resultado depende do aparelho utilizado e da capacitação do médico que lauda o exame.
Todas as esteatoses são iguais?
Não. A gordura no fígado pode ser dividida em esteatose grau I (leve), grau II (moderada) ou grau III (acentuada). É comum o paciente ir progredindo a intensidade da esteatose com o passar dos anos, se a doença não for tratada.
Uma vez que temos fatores associados, a tendência é que essa doença progrida mais rápido. Por isso devemos controlar os fatores, de forma a minimizar as consequências da gordura no fígado.
Se o paciente já tem uma hepatite B ou C, não deve abusar da bebida alcoólica e não deve ganhar peso, desenvolver diabetes ou colesterol elevado.
Qual é o problema de ter gordura no fígado?
A esteatose, que é o acúmulo de gordura no fígado, causa inflamação crônica nas células e com o passar do tempo, essa inflamação vai levar à fibrose, e ao longo do tempo pode existir a progressão para cirrose e suas complicações.
Por isso que a detecção precoce da esteatose é tão importante.

A esteatose tem reversão?
Sim. Uma vez identificada a causa e realizado tratamento específico, como perda de peso e controle das doenças de base, podemos ter regressão do grau de esteatose, com a possibilidade de retornar para um fígado sem gordura.
Esse controle pode ser feito por exames de imagem periódicos, além de consultas médicas e acompanhamento regular.
A gordura no fígado pode levar à cirrose?
Sim. Uma vez que não identificamos a fibrose e ela acaba progredindo, com o passar dos anos o paciente pode desenvolver a cirrose. A doença não costuma dar sintomas e o paciente muitas vezes só descobre a cirrose devido às suas complicações.
Uma vez que o paciente, além da esteatose já apresente cirrose, devemos ser mais focados e agressivos no tratamento do paciente, de forma a controlar esse processo de uma forma adequada.

E a fibrose, pode ser reversível?
Sim. A fibrose pode ser dividida em graus I, II, III e IV, sendo o grau IV a cirrose. Até a fibrose estágio III, podemos ter regressão da doença para estágios mais leves. A partir do momento que o paciente desenvolve cirrose, não existe uma perspectiva de voltar a um fígado sem fibrose.
- Grau I – leve
- Grau II – moderada
- Grau III – acentuada
- Grau IV – cirrose
Precisa fazer biópsia do fígado para o diagnóstico?
Não. Para o diagnóstico de gordura no fígado não precisamos ter a biópsia do fígado. Deixamos esse procedimento para casos em que existe alguma dúvida diagnóstica, divergência entre os exames ou que falta clareza na no diagnóstico da causa da gordura do fígado.
A biópsia hepática é um método invasivo, com risco baixo de complicações, que muitas vezes agrega bastante como exame complementar em alguns casos.

A esteatose pode virar câncer?
Sim. O hepatocarcinoma, ou câncer primário de fígado, está diretamente relacionado com a esteatose e progressão da fibrose, sendo inclusive descritos casos de hepatocarcinoma em pacientes com fibrose hepática ainda não cirróticos.
Por isso, é importante o acompanhamento com hepatologista e o seguimento com exames laboratoriais e de imagem, bem como o controle dos fatores de risco para síndrome metabólica.

Existe tratamento para gordura no fígado?
Sim. O tratamento é baseado em dois pilares: medicamentoso e não medicamentoso.
- Medicamentoso: recentemente duas medicações foram aprovadas para melhora da esteatose e fibrose no fígado. O resmetiron, ainda não comercializado no Brasil e a os análagos do GLP-1, de amplo uso para perda de peso atualmente.
- Não medicamentoso: mudança do estilo de vida, que inclui dieta balanceada, perda de peso e atividade física. Essa medida é tão importante a longo prazo como o uso das medicações.

Adote 5 mudanças simples no estilo de vida para prevenir a esteatose hepática
Quando conseguimos mudar alguns pequenos hábitos no dia a dia, podemos reduzir as chances do acúmulo de gordura no fígado. Tente ver se na sua rotina, você consegue garantir as seguintes mudanças:
- Mantenha um peso saudável: O excesso de peso é um dos principais fatores de risco para o acúmulo de gordura no fígado. Manter um peso saudável, com uma dieta equilibrada e exercícios físicos regulares, pode ajudar a prevenir a esteatose;
- Controle o consumo de açúcar e carboidratos: o excesso de açúcar e carboidratos refinados pode aumentar a quantidade de gordura no fígado. Reduzir o consumo desses alimentos ajuda muito a evitar esse acúmulo de gordura;
- Consuma uma dieta saudável para o fígado: Alimentos ricos em antioxidantes e anti-inflamatórios, como frutas, vegetais, nozes, sementes e peixes ricos em ômega-3, podem ajudar a manter o fígado saudável. Atualmente, o café é um alimento que atua como “protetor” do fígado e seu consumo deve ser estimulado, desde que não seja adoçado com açúcar;
- Evite o consumo excessivo de álcool: Não existe uma dose segura de consumo de álcool em pacientes com esteatose hepática, já que a associação de fatores de risco para o fígado acaba potencializando os riscos de inflamação e fibrose hepática;
- Pratique atividade física regularmente: A atividade física regular pode ajudar a reduzir o peso e consequentemente o acúmulo de gordura no fígado. Além disso, melhora a saúde física e mental. Uma combinação de exercícios aeróbicos e de musculação costuma trazer maiores benefícios.
Pequenas mudanças no estilo de vida podem ter um grande impacto na prevenção da esteatose hepática.
Algum outro profissional consegue me ajudar a melhorar a esteatose?
Sim. O nutricionista é um aliado no ajuste da dieta para perder peso. O endocrinologista auxilia os pacientes na perda de peso, controle do diabetes e dislipidemia. O cardiologista ajuda no controle da pressão arterial e controle da dislipidemia também.
Sempre que temos uma equipe multidisciplinar acompanhando o paciente, temos uma chance maior de sucesso nos objetivos do tratamento.

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